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11 de mar. de 2015

Retrô: Silent Hill (PSX)



Bem-vindo ao lado escuro de sua mente

Neste post vamos falar de um survival horror, gênero que ainda faz bastante sucesso hoje em dia, porém que no fim da década de 90 era uma verdadeira febre. O primeiro survival horror a jamais ser feito não é Alone in The Dark, como o leitor está pensando. Trata-se de Sweet Home, lançado pela Capcom em 1989 para o NES. Vale uma jogadinha por curiosidade para saber de onde a mesma produtora tirou todo o sucesso de Resident Evil (PSOne e PC), pois a semelhança é incrível. Desde o lançamento deste último, em 1996, o gênero virou hit quase que instantaneamente, dando origem a um oceano de imitações que não chegaram nem aos pés da qualidade de RE.
 
Silent Hill, da também japonesa Konami, que estreou no ramo do Survival Horror em grande estilo, em meio a uma enorme competiçção, afinal a Capcom ainda colhia os frutos do excelente Resident Evil 2 e acabava de anunciar o lançamento de RE 3: Nemesis para o mesmo ano de Silent Hill, 1999.

Nasce uma série de sucesso
Para os jogadores da época e, devido a esse contexto, era impossível não fazer comparações. Embora até hoje exista um grande debate em torno de qual das duas franquias tem mais qualidade, o grande mérito da produção da Konami foi precisamente poder ser comparado à da Capcom, algo que nenhum outro game tinha conseguido até então. O segredo de Silent Hill era o seu terror diferenciado.

Com base nos melhores thrillers do cinema, SH conseguia reproduzir uma atmosfera sombria, tensa e assustadora. Num momento em que todos já estavam mais que acostumados a lançar foguetes em zumbis que infestavam corredores, SH deixava o jogador completamente desnorteado em uma cidade aberta onde não se enxergava um palmo adiante. Tudo isso com uma fraca pistola em punho que, por ter pouquíssima munição, tornava obrigatório o uso de um cabo de aço como proteção.

O game usava artifícios que causavam tensão o tempo todo, sendo difícil para algumas pessoas até mesmo continuar jogando após uma ou duas horas. Não ter nenhuma música acabou virando uma tradição que seria mantida por toda a série, pois torna a jogabilidade mais estressante. O único destaque vai para a música de abertura, gravada até hoje na cabeça dos jogadores da época. 

Polêmicas à parte, no quesito jogabilidade SH dava de dez a zero em RE, pois o personagem não era duro de controlar e movia-se livremente. A série também marcou o fim dos inimigos lentos e previsíveis. O herói tinha que se virar, geralmente sem armamento suficiente, contra cachorros, criaturas voadoras, fantasmas e outros muito mais aterrorizantes, todos completamente possuídos por alguma força maligna. Quem não tinha arrepios ao ter de fugir deles que atire a primeira pedra! O enredo era profundo e cheio de aspectos pesadíssimos que fizeram deste um dos games mais sombrios de todos os tempos. Tão profundo que merece uma explicação...

Atenção
A Konami é especialista em criar histórias complicadas e cheias de buracos, basta lembrar de qualquer Metal Gear Solid. Silent Hill é de longe a mais complicada delas, mas nós vamos tentar. Lembre-se de que há algumas coisas que foram feitas para serem imaginadas pelo jogador, portanto fique á vontade. Cautela é recomendada, pois há muitos spoilers!

Uma Cidade de Férias
A história começa quando Harry, um homem comum, está levando sua filha Cheryl para a isolada cidade de férias chamada Silent Hill, próximo ao Lago Taluca nos Estados Unidos. Cheryl havia sido encontrada abandonada e foi adotada por Harry e sua esposa, já falecida, há sete anos. Pouco antes de entrarem na cidade, coisas estranhas acontecem. Uma policial de moto passa pelo carro. Mais adiante, a moto está caída no meio-fio, sem ninguém por perto. Harry vê uma menina no meio da estrada e bate o carro ao desviar. Quando acorda, já está dentro da cidade, completamente deserta, percebendo que sua filha não está mais com ele. O protagonista mal sabe o que está esperando por ele quando sai em busca da menina. 

Logo nos primeiros passos pela cidade, o homem descobre que o lugar está possuído por algum tipo de força demoníaca, que às vezes transforma tudo o que está em volta em um ambiente grotesco e aterrorizante. O lugar está povoado por alguns poucos humanos e muitas criaturas que parecem demônios. Ao invés to T-Virus de Resident Evil, em Silent Hill temos o Culto. Por trás dessa atividade misteriosa está Alessa Gillespie, filha da bruxa do jogo, Dahlia Gillespie.  Alessa é apenas uma garotinha, cuja dor deu início a todos os acontecimentos sinistros de Silent Hill. O mal presente na cidade precisa se alimentar de medo e de dor para crescer. É aí que descobrimos que Harry está ali popósito. Os sonhos de Cheryl falando sobre Silent Hill eram um chamado, pois Harry tem uma sensibilidade extra para ver e sentir coisas sobrenaturais.

O Verdadeiro Plano
A idéia de Dahlia é restaurar o antigo Culto que imperava na cidade antes de todo o mal acontecer. Este Culto pretende revelar o “verdadeiro poder de Deus” e quem assistiu ao filme sabe bem que tipo de “poder” é esse. Um verdadeiro caos. Para que isso possa acontecer, Alessa Gillespie tem de ser unida, por meio de um ritual, a Cheryl, que já saiu no encalço da primeira. É nesse momento que Dahlia começa a tentar persuadir Harry, durante todo o jogo, de que Alessa está espalhando a Marca de Samael, um grande mal, por todo o lugar. Para quem não sabe, esta é uma entidade bastante sinistra, tirada da cabala.

Na realidade, Alessa não está fazendo isso, mas este é o único jeito de fazer com que aquele homem ajude Dahlia a chegar perto de sua filha, pois sozinha, isto seria impossível devido ao grande poder de Alessa. A “Marca” espalhada por todo o jogo na verdade não tem nada a ver com Samael, ela é a Marca de Metatron, também da Cabala, um anjo extremamente poderoso. A mulher só está querendo causar confusão, tendo sucesso em manipular Harry até o momento do encontro das duas meninas, no final do jogo.

Esta é apenas uma visão geral da história do primeiro título. Os títulos subsequentes ajudam a revelar muito mais por trás deste enredo complexo, fazendo com que quem tenha gostado do título original fique muito curioso para jogar a série inteira. Apenas não se engane com o filme, pois seu enredo, apesar das claras alusões, não segue a linha do game. Uma excelente pedida para fãs de horror!


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