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11 de mar. de 2015

Entrevista: Yasuhiro Fukushima, Presidente Square Enix



Square Enix: Mais mistérios que respostas

Conversa com Yasuhiro Fukushima, fundador da antiga Enix e presidente honorário da Square Enix, revela um pouco dos rumos que a produtora e publisher deseja seguir no futuro. Brasil está nos planos da empresa

Agendar um bate-papo com uma figura tão importante para a indústria mundial de games é sempre algo que gera expectativa e ansiedade. Afinal de contas, há um mundo de perguntas em nossas cabeças, como bons fãs de games que somos. Perguntas sobre nossas franquias favoritas, ou sobre ideias que, intimamente, achamos boas para algumas produções, enfim, a conversa poderia continuar por semanas a fio. Mas não foi bem isso que aconteceu. Bem que tentamos desviar o caminho para assuntos mais comprometedores, mas o Sr. Fukushima se reservou a garantir respostas sobre o que parece ser o plano da empresa japonesa: instalar-se de vez no Brasil, dando asas à nossa indústria. Não é um remake de Final Fantasy VII, mas é bastante animador mesmo assim.

Muito prazer, meu nome é Futuro
A primeira conversa que tivemos com o Sr. Fukushima diz respeito ao presente da companhia, e como este presente está influenciando as decisões que serão tomadas no futuro a curto prazo. Alguns números foram exibidos, mostrando a evolução que as plataformas móveis como Smartphones e Tablets têm feito em vendas, principalmente em relação aos números de vendas dos consoles de mesa tradicionais.

A subida da primeira comparada à descida da segunda é impressionante. Baseado nisso, o presidente afirma: "Estivemos (a companhia) focados em consoles por muito tempo agora. Agora, estamos passando a investir forte nas plataformas móveis, bem como em jogos para PCs, principalmente jogos sociais. Está acontecendo uma mudança de foco no segmento da indústria, e pretendemos seguir esta tendência". Ainda: "Acreditamos muito no mercado de Tablets, estamos convencidos de que esta se tornará uma plataforma de games muito importante. Acreditamos também que os PCs serão trocados pelos Tablets no caso dos usuários domésticos". 

Mais do que isto, a empresa revela os seus planos de expansão mundial, com palavras transparentes. "Estamos trabalhando em nossa expansão internacional. Assim como há planos de abrir uma filial na América Latina, nós também temos o plano de abrir uma filial na Índia, estamos estudando o mercado da Indonésia e, também, o mercado Russo".

O Brasil, obviamente, está nos planos de expansão da empresa. Basicamente, os planos sobre os quais Fukushima e seu intérprete conversaram conosco revelam intenções claras da empresa. Elas dizem respeito à instalação oficialmente no país como publisher, dando apoio a lançamentos produzidos completamente em território nacional. "Acreditamos que um game produzido por pessoas próximas aos jogadores aumente as chances de sucesso, afinal, eles (os produtores) são os que melhor conhecem o mercado local. É possível, portanto, que uma produtora japonesa lance um jogo de sucesso em outra região, desde que os desenvolvedores sejam nativos da mesma.  Alguns títulos têm apelo global, mas, basicamente, o que faz maior sucesso em cada país é o conteúdo produzido em cada país, valendo a regra para filmes, jogos ou qualquer outro mercado de entretenimento". O exemplo usado foi a nossa indústria cinematográfica, que, apesar de não ter todo aquele apelo global mencionado, rende bons frutos internamente. Neste ponto, fomos avisados de que este era um pensamento pessoal de Fukushima, não valendo para a voz da empresa oficialmente.

Neste momento, nossa equipe se mostrou preocupada com a infraestrutura de nossos estúdios de produção. Estaríamos prontos para tanta confiança da parte de uma empresa mundial? Afinal, somos um país em desenvolvimento e ainda não contamos com acesso tão fácil à internet de alta velocidade, ou com acesso à tecnologia de ponta, tão necessária para produzir games competitivos no mercado. Sobre o assunto, fomos informados que "atualmente, o maior problema é não haver um ambiente propício (no Brasil) para que as empresas de desenvolvimento de games possam se arriscar na produção de títulos, mas que este quadro deve mudar completamente dentro dos próximos três anos. O mesmo pensamento se aplica para a questão da infraestrutura, ou seja, há três anos, qual era a infraestrutura das empresas de telefonia no Brasil, e quão melhor é a situação atual? Ou seja, nos próximos três anos, se esta questão não estiver completamente resolvida, estará bem perto de suas plenas capacidades".

Gostaria de um DLC com o seu Jogo?
A maneira com que a empresa vende seus games parece ser algo que não está sujeito às mudanças pelas quais a mesma passará em breve. Ao ser perguntado sobre a venda de DLCs, ou conteúdos para download, o Sr. Fukushima foi bastante breve, afirmando que "quem vai decidir é o usuário, enquanto esse tipo de modelo atrair compradores, ele deverá continuar".  

Não Entendo
Apenas para constar, perguntamos a quem entende do assunto sobre os rumores que foram espalhados em fóruns e em alguns blogs especializados em games pela internet, que apontavam a um projeto exclusivo para a Nintendo, que estaria sendo mantido em segredo. Pela reação de surpresa de Fukushima à pergunta e pela resposta clara e objetiva (não sabemos de nada!), é fácil acreditar que isto não passa de um mero boato.

Chega de Shooters?
Tivemos ainda tempo de ouvir as especulações de Fukushima sobre assuntos mais teóricos, como os gêneros de games que fazem sucesso atualmente. Ele afirma que "isto é algo cíclico, o público tende a consumir mais de um gênero específico em determinada época, mudando de tempo em tempo para outro gênero". 

Antigos Tesouros
Para quem adora reviver seus games de alguns anos atrás, as notícias são animadoras. Ainda sobre o mercado de telefones e outras plataformas móveis, fomos informados de que conversões de títulos clássicos estão, certamente, nos planos da Square Enix. "Conforme a tecnologia avançar e os telefones começarem a receber processadores mais e mais poderosos, existirá a margem para converter jogos de sucesso das últimas gerações".

Se você deseja ver seu título favorito da empresa no celular ou em qualquer outra plataforma móvel, atenção, pode ser hora de mandar alguns e-mails para a empresa. A afirmação acerca do assunto foi, novamente, muito simples e direta. "Enquanto houver demanda da parte dos jogadores por relançamentos de nossos títulos antigos de sucesso, haverá, certamente, a conversão dos mesmos. Mais do que isso, acreditamos em manter as franquias vivas, produzindo novos títulos baseados em franquias que já possuímos". Este foi o momento apropriado para detonar a pergunta mais feita pelos nossos leitores. Poderá Final Fantasy VII ganhar o tão sonhado remake? Mais uma curta e grossa. "Não, isto não está em nossos planos absolutamente". 

Além disso, também será possível lançar jogos mais completos em recursos tecnológicos conforme esta evolução em hardware acontecer nos celulares. Já estamos muito animados para ver o que poderá acontecer nesse sentido.

Um comentário:

  1. Quando este filho da puta vai lançar jogos para PC e canibalizar a própria plataforma dos games? Resposta - Nunca

    Assinado Pau Enterrado no Cu

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