Onde foi parar o gênero survival horror?
Resident Evil 1 & 2
Em janeiro de 1998, Resident Evil 2 era lançado para PlayStation. Eu estava prestes a completar 12 anos de idade e este foi o primeiro título que joguei no console da Sony em toda a minha vida. Como não poderia deixar de ser, meus amigos e eu ficamos completamente malucos com a qualidade do game.
O primeiro Resident Evil, que passou batido por mim na versão PC, introduziu ao mundo o gênero Survival Horror. Neste gênero, a munição escassa, os quebra-cabeças e os inimigos que espreitavam nas sombras faziam o jogador suar de ansiedade ao abrir uma porta. Os cenários realistas em fotografias contribuíam para impressionar, ao menos na época. O game cumpria a missão de meter medo em qualquer um.
Após jogar até uma borda do CD derreter sobre o leitor do console (sim, isto aconteceu), era a hora de conhecer Resident Evil 1. Não sabia decidir qual era mais divertido. O game original era definitivamente mais difícil, com menos espaço no inventário e menos saúde para esbanjar.
Resident Evil 3
Até que chega Resident Evil 3 em 1999. Embora preservasse a jogabilidade dos dois primeiros, o título era um pouco diferente. Havia mais munição para gastar, mais inimigos e, em poucas semanas, eu era capaz de fazer speedruns até o final sem salvar o progresso, algo que, até hoje, nunca pude lograr nos dois primeiros RE's. Ou seja, o jogo estava muito mais fácil. Mas tudo bem, o vilão Nemesis ainda conseguia fazer o coração bater mais rápido.
Resident Evil: Code Veronica
Como feliz proprietário de um Dreamcast bem próximo ao lançamento, Code Veronica mudou tudo que eu (achava que) sabia sobre o gênero. Até então, já havia passado por uma onda de outras séries de Survival Horror com maestria. Mas meu amigo, este é um jogo que não perdoa. A dificuldade ultrapassou todos os limites anteriores da franquia para trazer a satisfação máxima ao ver a tela de créditos. E um pouco de stress pós-traumático, também.
Resident Evil 4
O que aconteceu entre 1999 e 2005? O Xbox original foi o que aconteceu, trazendo consigo a febre dos jogos de tiro em primeira e em terceira pessoas. A Capcom aderiu à moda e tornou Resident Evil 4 um game, basicamente, de tiro em terceira pessoa. Os quebra-cabeças ficaram esporádicos e ridiculamente fáceis e o foco era atirar em hordas e mais hordas de inimigos, como em qualquer game desta época. RE4 é um ótimo game deste gênero, mas abandona por completo o falecido Survival Horror para se tornar um "no-brainer", basicamente, um jogo de tiro e nada mais.
Resident Evil 5 & 6
Não há muito para comentar aqui, a não ser que, infelizmente, joguei ambos apenas para conhecê-los, aquela sensação de ser leal a uma franquia me levou até as tragédias absolutas que foram os dois últimos títulos. Lembra de como eram os jogos em 2001? Um inimigo aparece atirando numa janela, você atira e assiste a uma cutscene. Próximo checkpoint. Inimigo, cutscene, checkpoint. Loop eterno e entediante. Uma ofensa aos jogadores antigos, que não estão mais nos planos de marketing da produtora. "Queremos a audiência de Halo / Gears of War" era a resposta para qualquer entrevista a um produtor de games da época.
Resident Evil 7
Me dediquei a assistir muitas horas de streamers e li todos os reviews até então. Ao que parece, a série busca um novo começo, completamente independente dos seus 20 anos de história. Mas um elemento-chave da jogabilidade retorna. O "coração" do gênero Survival Horror está presente, ou seja, é sempre preferível evitar confrontos que gastar um pente de munição. Atirar, só em último caso. É animador, mesmo apesar de haver chefes que exigem centenas de projéteis (dados antes das lutas) para serem vencidos.
Parece que o game aproveita a recente onda de jogos de terror em primeira pessoa, escuros e com inimigos que saltam dos cantos da tela para acelerar seu coração. Será uma volta apropriada ao gênero abandonado pela série desde 1999? O tempo dirá.
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