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20 de jan. de 2017

É a vez de ouvir um jogador experiente de Street Fighter V

NP_Duim, liga Diamond, está entre os brasileiros mais bem colocados online. Conversamos um pouco sobre como chegar lá

Continuando a série especial sobre a comunidade de luta, é a vez de ouvir um dos jogadores experientes, que fazem o "paredão" online para os novatos, obrigando-os a aprender melhor o jogo. Conheça um pouco a opinião do paulistano Luiz Abujamra, de 31 anos, administrador de redes e servidores. Luiz joga com Rashid e Necalli e está na casa dos 18400 pontos de liga. 

Kuroi Games: Comente sobre sua experiência em jogos de luta. 
Luiz Abujamra: Sem contar Kung Fu, do NES, comecei com Street Fighter II, no fliperama e no Super Nintendo. Quando ganhei a fita de Street Fighter II Turbo, jogava todo final de semana, tentando terminar o game com apenas um crédito na maior dificuldade. Jogava também contra Pedro, meu irmão mais velho, mas faltava oponentes para jogar mais sério. 
Passei a jogar as séries Mortal Kombat e Killer Instinct, onde aprendi a executar combos. Quando passei para The King of Fighters 98 e 2002, a evolução foi mais notável. Aprendi sobre frame traps, shoryukens como anti-aéreo, combos mais complexos, counter hits, etc. Tudo que aplico no Street Fighter V hoje veio daí.

KG: Sendo um jogador experiente, comente sobre as dificuldades iniciais que teve no gênero e como/quando as superou:
LA: No começo, usava as revistas clássicas (Ação Games, Gamepower, Gamers) para saber os movimentos de Street Fighter II. Desde então, percebi que as pessoas pulavam muito, o que me dava vantagem. Quando surgiu o GGPO (emulador online) para jogar TKoF e CPS2, fiquei surpreso com a resposta rápida e sem lag. Treinei até achar que sabia tudo do jogo, mas ainda assim não conseguia vencer os carrascos que jogavam há mais tempo. Comecei, então, a refletir e a assistir meus replays. Percebi que tinha boa ofensiva mas péssima defesa. Comecei a focar neste aspecto até conseguir defender as séries de ataques dos oponentes. Em poucos meses, meu jogo havia melhorado muito. Essa época valeu mais que anos jogando por intuição, apenas. 

KG: Quais são, na sua opinião, as principais barreiras a serem derrubadas para entrar para as ligas mais altas?
LA: É preciso pensar muito. Estudar as match-ups e desenvolver um jogo sólido. Em Street Fighter V é essencial saber a frame data, quais golpes ficam positivos ou negativos, saber a hora em que se pode ou não apertar botões para não tomar contra-ataques. O contra-ataque é o pior cenário imaginável em Street Fighter V, pois abre para combos com muito dano. 
É também necessário aprender a prever jogadores previsíveis, bem como fazer o máximo para não se tornar previsível. 

KG: É possível, no cenário nacional, profissionalizar-se e atingir os níveis mais altos online?  

LA: Não considero o ranking online como parâmetro de nível mundial. Assisto muitas partidas internacionais e afirmo com convicção que o nível deles é muito parecido com o nosso. O que nos falta (no Brasil) são pessoas que joguem com personagens variados, a meu ver, o principal problema do nosso cenário. Quando atingimos ligas mais altas, enfrentamos de 10 a 15 vezes o mesmo oponente, isso é terrível para o conhecimento sobre as match ups. 
Vemos Keoma e Brolynho incentivando a cena e promovendo campeonatos, o que é ótimo a longo prazo. Mas, por enquanto, estamos em larga desvantagem em relação a Estados Unidos, Europa e Ásia.

KG: Entre as experiências offline e online, quais as diferenças e como cada modo pode ajudar um jogador a progredir?
LA: O modo online é ótimo para conhecer as match-ups, embora não em alto nível. No modo offline, é possível conversar, debater o que foi feito errado, corrigir e ser corrigido. Acho que as pessoas jogam mais descontraídas, sem a pressão de vencer como no modo rankeado. 

KG: Na sua opinião, é possível transferir a experiência de jogos de luta anteriores para os jogos mais recentes?
LA: Sem sombra de dúvida. O reflexo, a execução, a famosa "malícia", noção de footsies... Praticamente tudo isso é passado de um jogo para o outro. Até games como Super Smash Bros. valem como referência em setups e mixups que podem ser aplicados em outros jogos 2D. 

Assista a seguir a uma partida FT10 (First to 10) entre NP_Duim e Didimokof, dois brasileiros que superaram as dificuldades para atingirem o topo dos rankings online, para ter uma noção de todos os elementos de jogo descritos pelo jogador:


2 comentários:

  1. Anônimo20/1/17

    Parabéns pro NP_Duim e pro Kuroi que trouxe a reportagem pra gente!

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  2. Anônimo20/1/17

    O NP_Duim está numa posição invejável na liga Diamond, a gente precisava mesmo de entrevistas com caras top assim dando dicas pra gente poder seguir e dar um talento pra crescer no nosso jogo tbm. Muito legal essa série de reportagens!

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