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31 de out. de 2016

Opinião: O mercado de videogames retrô quer lucrar sobre a sua nostalgia. Cuidado.

Indústria traz lançamentos completamente dispensáveis

Jogador médio tem 37 anos de idade, aponta pesquisa

De acordo com um órgão chamado Entertainment Software Association, a idade média do jogador atual é de 37 anos de idade. Todos sabem o que isto significa. Você, que jogou muito Atari, NES, SNES e Mega Drive enquanto crescia, já não tem tempo para se dedicar aos games como antes, em meio à sua carreira, ao seu casamento e aos seus filhos (que provavelmente estão viciados em Minecraft).

No entanto, esse pessoal de cabelos grisalhos continua jogando quando pode e continua consumindo. Alguém na indústria tem de apelar para os dólares no bolso desses jogadores. E bota "apelar" nisso.

Nos últimos anos, vimos o mercado de games retrô vem apresentando sinais de uma legítima bolha. Isto quer dizer que os consoles antigos ficam cada vez mais caros devido à alta demanda, explicando preços absurdos cobrados por alguns consoles ou cartuchos produzidos há décadas atrás.

Acima, um ambiente de desktop, em um PC, roda todos os títulos Metroid ao mesmo tempo. Mas quem vai conseguir terminar TODOS novamente após os 30 anos de idade?

Como toda bolha de mercado, a tendência com a bolha dos games retô é estourar, assim que os consumidores perceberem que estão sendo enganados.

Não faço segredo para ninguém que minha plataforma de escolha é o PC. Mesmo que a sua seja um console, você provavelmente tem um PC em casa. E qualquer PC fabricado na última década pode facilmente rodar emuladores da geração 16 bits.

Pois bem, se o jogador médio tem 37 anos e um PC em casa, ele tem à disposição toda a livraria pela qual são cobrados milhares de dólares, gratuitamente. A pergunta de ouro aqui é: quem de fato quer jogar os títulos antigos, ao invés de apenas sentir por dez minutos de nostalgia? A resposta nos leva ao absurdo do que está acontecendo neste mercado. Os consumidores estão apenas jogando dinheiro no lixo.

Com a moda que se espalha, Nintendo e SEGA anunciam o relançamento, em versão física e idêntica à original, de consoles antigos, das eras 8 e 16 bits. Mas você acha que pagar 400 reais num Mega Drive é um investimento justificado? Seja sincero e pense em quantos jogos você vai, de fato, jogar com afinco.

Geralmente, a nostalgia do jogador médio é sanada em poucos minutos, não justificando o preço abusivo de consoles e games. Vale mais a pena jogar em emuladores.

Por um lado, os games antigos são explorados como nunca, agora que temos a internet. Jogadores competem pelo melhor tempo de término mundo afora, eventos de caridade arrecadam milhões em competições de speedruns, o que mostra que há interesse nos títulos. Por outro lado, a tendência traz à tona o que há de mais sombrio na busca pelo lucro dentro das fabricantes, que insistem em espremer cada centavo de um homem de meia idade que só quer se sentir criança novamente por alguns minutos. 

Antes de esvaziar seus bolsos para jogar seu título favorito do SNES novamente, considere passar na banquinha de eletrônicos mais próxima da sua casa e pagar 15 reais em um controle genérico que imita perfeitamente um controle de PlayStation. Você pode acabar percebendo, duas semanas depois, que teria sido mais uma vítima de uma bolha de mercado que vai encontrar seu fim nesta semana ou na próxima. 




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